(...) e as fadinhas pensaram:
sábado, 11 de agosto de 2007
Em sono
( foto: Thiago Belinato)
(...) e as fadinhas pensaram:
(...) e as fadinhas pensaram:
será que seus sinais surgem durante o sono?
e se deu início a conspiração:
deveríamos acordá-lo de sua inércia colorida?
sim...não...quem sabe?!? humm..talvez!
( burburinho com o zunir das asas)
Até que uma delas - a mais nervosinha- gritou:
Gosto dos sinais! Deixem-no dormir
afinal de contas, além dos sinais
um leão entregue ao sono é bem mais formoso... e até parece inofensivo!
Foi então que todas aquelas entidades fantásticas saíram de seu quarto
mas deixaram 1/4 de seus poderes sobrenaturais ali.
Ficção
Rodrigo está debruçado sobre a foto de sua namorada e tenta conter as lágrimas. Tarefa fácil para um machista nato, criado sem frescuras, como ele sempre repete diante do espelho quando sozinho. Fora criado para privar-se de sensibilidade, creio eu. Pela primeira vez em dois meses, ele está perdendo o combate contra si mesmo. Quem poderia imaginar isso? Está chorando como um tubarão faminto e voraz comendo depois de muito tempo sem alimento. Tenho certeza, seu pranto é sincero e talvez, o único comportamento verdadeiro em toda sua existência . Ele está tão absorto em suas vulgares angústias que não nota a entrada de seu grande irmão no quarto.
Frederico senta-se, agora , ao lado de Rodrigo e diz:
- Quer conversar, cara?
Rodrigo rapidamente passa a mão esquerda pelo rosto vermelho tomado por um acanhamento incomensurável. Frederico acaba de invadir toda a sua privacidade ao vê-lo chorar.
- Eu quero ficar sozinho. Saia, por favor! Diz Rodrigo.
- Tudo bem, mas olha só: eu acho que você deveria tentar ser mais diplomata aqui
dentro. É só uma idéia que estou te dando, entende? Lá fora todos estão percebendo isso também.
Frederico está saindo do quarto. Ele sorri. Sinto que ele sai levando consigo a certeza que almejava desde o início. Ele sai com a certeza de que Rodrigo é e sempre será um sentimentalóide vestindo uma capa de mármore.
Nossa! Acho que o Rodrigo viu o sorriso nos lábios do Frederico. Ele está se levantando da cama e parece estar um pouco alterado. Ele passa pela cozinha e começa a gritar o nome do grande irmão e...
O telefone toca quebrando a descrição verbal da cena que Gustavo fazia. Dona Maria, como de hábito, começa a reclamar:
- Deixa tocar! Você não pode parar no melhor momento! Gustavo, volta aqui!
- Vózinha, preciso atender. Pode ser importante.
Gustavo Araújo Rodrigues tem 25 anos e um lindo bigode. É formado em Letras,
mas sua atual profissão é a de narrador de programas televisionados. Sua única cliente é sua avó. Dona Maria tem 77 anos, é cega e viciada em t.v. Seriados, novelas, minisséries, ela os adora, porém sua grande paixão são os reality shows. Ele ganha bem mais como narrador do que ganharia lecionando. Na verdade, ele nunca exerceu o magistério. Metade da aposentadoria da ex-funcionária pública pulava todo mês para as mãos do estranho rapaz. Ela o pagava com muita satisfação, sempre. Eu o chamo de estranho porque o jovem possui algumas excentricidades. Sua vida era cercada de mistério e todo o dinheiro recebido era gasto em gibis, cervejas e cigarros. Entretanto, o rapaz não fumava. Nunca fumou! Ele comprava a seda, o tabaco e confeccionava seus cigarros um a um sem nunca ter dado um trago sequer. O material jamais era reaproveitado, pois ele os jogava fora depois de prontos. Novamente comprava, confeccionava e jogava fora. Dizem que somente o cheiro da planta o agradava. Gustavo também não bebia cerveja, nunca bebeu. Os funcionários do supermercado já o conheciam pela quantidade de cerveja adquirida semanalmente. Era um ritual. Todo dia, antes de começar suas narrações noturnas, ele abria as latinhas quentes, degustava a espuma e derramava o líquido na pia da cozinha. Dizem que somente a textura da espuma o agradava. Outro ponto curioso são os gibis que o rapaz colecionava e nunca lia. Nosso jovem de bigodes cheios e negros nunca leu um gibi, mas sua coleção era vasta.
Contudo, Gustavo tinha um talento excepcional: inventar. Sua profissão poderia limitar-se somente na descrição daquilo que a senhora de cabelos vermelhos - todo mês eles eram coloridos pelo neto - não via. Ele ia além de maneira realmente brilhante, pois era necessário dar coerência ao que ele inventava com os diálogos que Dona Maria ouvia. Imagine recriar uma novela dentro de uma novela. Gustavo decidia quem era o mocinho ou o bandido em tempo real e os encaixes dos relatos com as conversas eram espetaculares. Sua avó se deliciava com tudo isso sem imaginar que o verdadeiro autor estava sentado bem ao seu lado.
Lembro-me perfeitamente a primeira vez que ouvi toda essa besteirada sobre a vida de Gustavo. Fiquei encantado! Todo o bairro conhecia a história sobre ele, porém ninguém tinha certeza se o rapaz realmente existiu. Alguns diziam que tudo não passava de boatos, outros que o bigodudo morava em Pelotas. Apenas uma verdade era unânime, a peculiaridade do jovem.
Hoje sei a importância do colecionador de gibis na minha vida. Foi com ele que eu comecei a meditar. Todo aquele assunto me empurrava as reflexões e as conclusões. Na minha humilde opinião, a esquisitice que o permeava era, na verdade, um desejo de ser um dos personagens que ele narrava. Meu melhor amigo, na época, chegou à outra conclusão: Gustavo era um impotente sexual frustado. Algo completamente absurdo e sem embasamento porque nunca se ouvira falar nada sobre sua vida íntima. Bom, talvez seja por isso mesmo que meu amigo explanava tal afirmação. Enfim, coisas de adolescentes.
- E aí ? O que você achou?
- Sinceramente?
- Você tem a obrigação de ser sincera!
- Acho que está uma merda! Faça outro.
- Essa é minha terceira tentativa.
- Quando você deve entregar esse texto ?
- Quarta-feira. Daqui a dois dias.
- Escreve outro. Esse está muito ruim.
- O que está muito ruim no meu texto?
- Ora, tudo! Toda essa história de um cara de bigode, todo esquisito que ganha a vida
narrando programas de tv para uma avó cega é completamente inverossímil. E para piorar você termina dizendo que o rapaz não passa de um broxa!
- Escreve outro!
- Como se isso fosse simples. Você está pensando o que? Que eu sou algum João
Ubaldo Ribeiro? João Cabral de Mello Neto? Sou apenas mais um João da Silva!
- Querido, você está nervoso demais! Precisa relaxar e deixar fluir.
- Oquéi! Alguma idéia brilhante?
- Meu bem, creio que só um anticiclone na sua mente seria capaz de te trazer de volta
a terra. Você viaja demais, João!
- Devo lhe informar que são muito reconfortante suas críticas.
- Porque não fazemos o seguinte: tomamos um banho, comemos uma pizza e depois
assistimos um filme. Que tal?
- Qual filme?
- Humm... “ Quero ser John Malkovich”, o que você acha?
- Acho que você está lúdica demais hoje.
O casal de namorados se abraça e os créditos do filme começam a aparecer na t.v. da
sala. Bruno levanta do sofá e ascende a luz. Os espectadores do seu, até então, inédito curta-metragem estão dormindo.
Frederico senta-se, agora , ao lado de Rodrigo e diz:
- Quer conversar, cara?
Rodrigo rapidamente passa a mão esquerda pelo rosto vermelho tomado por um acanhamento incomensurável. Frederico acaba de invadir toda a sua privacidade ao vê-lo chorar.
- Eu quero ficar sozinho. Saia, por favor! Diz Rodrigo.
- Tudo bem, mas olha só: eu acho que você deveria tentar ser mais diplomata aqui
dentro. É só uma idéia que estou te dando, entende? Lá fora todos estão percebendo isso também.
Frederico está saindo do quarto. Ele sorri. Sinto que ele sai levando consigo a certeza que almejava desde o início. Ele sai com a certeza de que Rodrigo é e sempre será um sentimentalóide vestindo uma capa de mármore.
Nossa! Acho que o Rodrigo viu o sorriso nos lábios do Frederico. Ele está se levantando da cama e parece estar um pouco alterado. Ele passa pela cozinha e começa a gritar o nome do grande irmão e...
O telefone toca quebrando a descrição verbal da cena que Gustavo fazia. Dona Maria, como de hábito, começa a reclamar:
- Deixa tocar! Você não pode parar no melhor momento! Gustavo, volta aqui!
- Vózinha, preciso atender. Pode ser importante.
Gustavo Araújo Rodrigues tem 25 anos e um lindo bigode. É formado em Letras,
mas sua atual profissão é a de narrador de programas televisionados. Sua única cliente é sua avó. Dona Maria tem 77 anos, é cega e viciada em t.v. Seriados, novelas, minisséries, ela os adora, porém sua grande paixão são os reality shows. Ele ganha bem mais como narrador do que ganharia lecionando. Na verdade, ele nunca exerceu o magistério. Metade da aposentadoria da ex-funcionária pública pulava todo mês para as mãos do estranho rapaz. Ela o pagava com muita satisfação, sempre. Eu o chamo de estranho porque o jovem possui algumas excentricidades. Sua vida era cercada de mistério e todo o dinheiro recebido era gasto em gibis, cervejas e cigarros. Entretanto, o rapaz não fumava. Nunca fumou! Ele comprava a seda, o tabaco e confeccionava seus cigarros um a um sem nunca ter dado um trago sequer. O material jamais era reaproveitado, pois ele os jogava fora depois de prontos. Novamente comprava, confeccionava e jogava fora. Dizem que somente o cheiro da planta o agradava. Gustavo também não bebia cerveja, nunca bebeu. Os funcionários do supermercado já o conheciam pela quantidade de cerveja adquirida semanalmente. Era um ritual. Todo dia, antes de começar suas narrações noturnas, ele abria as latinhas quentes, degustava a espuma e derramava o líquido na pia da cozinha. Dizem que somente a textura da espuma o agradava. Outro ponto curioso são os gibis que o rapaz colecionava e nunca lia. Nosso jovem de bigodes cheios e negros nunca leu um gibi, mas sua coleção era vasta.
Contudo, Gustavo tinha um talento excepcional: inventar. Sua profissão poderia limitar-se somente na descrição daquilo que a senhora de cabelos vermelhos - todo mês eles eram coloridos pelo neto - não via. Ele ia além de maneira realmente brilhante, pois era necessário dar coerência ao que ele inventava com os diálogos que Dona Maria ouvia. Imagine recriar uma novela dentro de uma novela. Gustavo decidia quem era o mocinho ou o bandido em tempo real e os encaixes dos relatos com as conversas eram espetaculares. Sua avó se deliciava com tudo isso sem imaginar que o verdadeiro autor estava sentado bem ao seu lado.
Lembro-me perfeitamente a primeira vez que ouvi toda essa besteirada sobre a vida de Gustavo. Fiquei encantado! Todo o bairro conhecia a história sobre ele, porém ninguém tinha certeza se o rapaz realmente existiu. Alguns diziam que tudo não passava de boatos, outros que o bigodudo morava em Pelotas. Apenas uma verdade era unânime, a peculiaridade do jovem.
Hoje sei a importância do colecionador de gibis na minha vida. Foi com ele que eu comecei a meditar. Todo aquele assunto me empurrava as reflexões e as conclusões. Na minha humilde opinião, a esquisitice que o permeava era, na verdade, um desejo de ser um dos personagens que ele narrava. Meu melhor amigo, na época, chegou à outra conclusão: Gustavo era um impotente sexual frustado. Algo completamente absurdo e sem embasamento porque nunca se ouvira falar nada sobre sua vida íntima. Bom, talvez seja por isso mesmo que meu amigo explanava tal afirmação. Enfim, coisas de adolescentes.
- E aí ? O que você achou?
- Sinceramente?
- Você tem a obrigação de ser sincera!
- Acho que está uma merda! Faça outro.
- Essa é minha terceira tentativa.
- Quando você deve entregar esse texto ?
- Quarta-feira. Daqui a dois dias.
- Escreve outro. Esse está muito ruim.
- O que está muito ruim no meu texto?
- Ora, tudo! Toda essa história de um cara de bigode, todo esquisito que ganha a vida
narrando programas de tv para uma avó cega é completamente inverossímil. E para piorar você termina dizendo que o rapaz não passa de um broxa!
- Escreve outro!
- Como se isso fosse simples. Você está pensando o que? Que eu sou algum João
Ubaldo Ribeiro? João Cabral de Mello Neto? Sou apenas mais um João da Silva!
- Querido, você está nervoso demais! Precisa relaxar e deixar fluir.
- Oquéi! Alguma idéia brilhante?
- Meu bem, creio que só um anticiclone na sua mente seria capaz de te trazer de volta
a terra. Você viaja demais, João!
- Devo lhe informar que são muito reconfortante suas críticas.
- Porque não fazemos o seguinte: tomamos um banho, comemos uma pizza e depois
assistimos um filme. Que tal?
- Qual filme?
- Humm... “ Quero ser John Malkovich”, o que você acha?
- Acho que você está lúdica demais hoje.
O casal de namorados se abraça e os créditos do filme começam a aparecer na t.v. da
sala. Bruno levanta do sofá e ascende a luz. Os espectadores do seu, até então, inédito curta-metragem estão dormindo.
Puberdade
A lua era cheia, e brilhava no céu com uma intensidade invejável a qualquer outra noite de lua cheia. Nuvem alguma havia. Como um quadro, o clarão parecia estar prestes a parir a eternidade. E, na verdade, estava.
Sorrisos, risos, bocas, dentes, gargalhadas, gestos, música, álcool, tabaco, tudo se misturava com o ar daquele Sábado de verão, que ficaria marcado na memória de olhos totalmente embriagados de desejo.
- Ele está aqui!
O céu se abriu naquele instante. Nem chão, nem sensatez, nem insegurança resistiram. Apenas a luz metálica a escorava.
- Onde?
- Atrás de você e está me olhando enquanto falo contigo.
- Com uma blusa preta?
- Blusa preta e calça jeans. Ah!.... Aquela boca me pede...
- Controle-se!
- Vou até aquela boca que me pede com urgência!
- Você pirou? Ele está com ela.
- FODA-SE! Duvido que o coração dela bata como o meu está
batendo agora!
E a noite fez-se dia.
Sorrisos, risos, bocas, dentes, gargalhadas, gestos, música, álcool, tabaco, tudo se misturava com o ar daquele Sábado de verão, que ficaria marcado na memória de olhos totalmente embriagados de desejo.
- Ele está aqui!
O céu se abriu naquele instante. Nem chão, nem sensatez, nem insegurança resistiram. Apenas a luz metálica a escorava.
- Onde?
- Atrás de você e está me olhando enquanto falo contigo.
- Com uma blusa preta?
- Blusa preta e calça jeans. Ah!.... Aquela boca me pede...
- Controle-se!
- Vou até aquela boca que me pede com urgência!
- Você pirou? Ele está com ela.
- FODA-SE! Duvido que o coração dela bata como o meu está
batendo agora!
E a noite fez-se dia.
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
Pipas e balas
Seria apenas mais uma manhã tranqüila de Sábado para Fernando, não fosse um detalhe: uma pipa, ou melhor, a falta de uma pipa no céu.
12 de Fevereiro, Sábado, Fernando acorda pontualmente as 6:00h da manhã para mais um dia de labuta no supermercado da Zona Sul. Levantou-se e deparou com seu irmão na porta do quarto:
- E aí ? Tranqüilo? Diz o irmão de Fernando
- Quando é que você vai criar juízo?
- Pra que eu quero isso? Dá dinheiro essa porra?
- Jesus! Você está fedendo a bebida!
- “Eu bebo sim e estou vivendo...tem gente que não bebe e está morrendo, eu bebo sim..”.Porra, escravo! É sábado, mermão! Se você não gosta o pobrema é seu e não meu!
- Alguém precisa trabalhar nessa casa!
- Opa! Perái! Eu trabalho também nesse caralho dessa vida, merda!
- E desde quando ficar pra cima e pra baixo sentado numa moto é trabalho?
- Ah...não fode! E desde quando ficar entregando compras na casa desses babacas da Sul é trabalho? Tu é escravo mermo! Eu, pelo menos, faço o meu horário e não tenho um chefe paraíba pra me encher o saco!
O irmão visivelmente alcoolizado se joga na estreita cama de colchão duro, apoiada em tijolos e diz:
- Um dia eu ainda vou ter uma cama de verdade. Adormece.
Fernando olha para aquela cena e pensa em comprar uma máquina fotográfica. Mas, quanto custaria uma? Seria muito legal registrar aquele momento. Quem sabe vendendo as suas férias. A luz da manhã entrava pela janela e iluminava os pés de seu irmão. Somente os pés. O rosto permanecia na penumbra. Daria uma bela foto, pensou ele. Permaneceu olhando para a janela de madeira e estufou o peito. Fora adquirida no lixo de um prédio perto do supermercado. Não era nova, entretanto parecia nova. Dera muito trabalho levá-la para casa dentro do ônibus lotado, porém ele conseguiu. Sentia-se um vencedor, pois todos no trabalho disseram que ele não conseguiria. Ele conseguiu. Definitivamente sentiu-se um vencedor. Levou-a para casa pensando: “ Papai Noel chegou”.Lixou e pintou a janela como a uma obra de arte. E era. Era a sua obra de arte pintada de azul com respingos de suor.
Como num ritual, ele foi até a cozinha para preparar o café forte com pouco açúcar- tinha receio de ficar diabético. Desde os 13 anos ele tinha medo de ficar diabético. Como poderia trabalhar se fosse doente? Quem entregaria as compras da D. Marta se ele fosse diabético? Ela dava as melhores gorjetas da área. Dois reais em notas de um e sempre novinhas, cheirando a dinheiro vivo, recém parido do banco central. Fernando adorava o cheiro das notas novas. Ficava aguado, tinha vontade de comê-las, mastigá-las uma a uma, degustá-las. Às vezes, esquecia das outras entregas e ficava cheirando e passando o papel verde pelo rosto. Era como se elas tivessem vida também. Mesmo que fosse uma vida como a dele. Elas tinham circulação sangüínea e sistema nervoso central, sentia ele. Isso bastava para considerá-las com vida. Mesmo que fosse uma vida como a dele.
Bebeu num gole todo o café contido no copo trincado de extrato de tomate. Olhou para a rachadura do copo e pensou em jogá-lo fora. Não o fez. Talvez, depois que comprasse novos!
Como de hábito, antes de sair de casa, acionou o cronometro de seu relógio do Paraguai. Olhou pela janela e a rua ainda estava vazia. Fizera o trajeto até o ponto de ônibus em 13 minutos da última vez. Não sentiu vontade de correr nessa manhã.
Ouviu um burburinho vindo do lado de fora e avistou alguns foliões voltando para casa. Sentiu asco por aquelas pessoas. Como elas conseguiam se divertir com tão pouco? Diversão para ele era outra coisa. Diversão era ouvir os gringos conversando nas ruas da Zona Sul. Aquela língua diferente era fascinante, aqueles sons estranhos emitidos... Ele ria sozinho e às vezes gargalhava. Como elas conseguiam falar tão enrolado? O dia mais divertido foi quando viu um casal estrangeiro brigando. Fernando ficou tão vidrado que seguiu casal até eles entrarem num prédio. Esse dia ficara registrado em sua memória. Parecia assistir ao filme sem legenda. Como eles conseguiam entender um ao outro? Deliciava-se com aquilo.
Terminou de arrumar a camisa, abriu a porta da sala, fez o sinal da cruz e atravessou a pequenina varanda de cimento com os vasos abarrotados de espada de são jorge que ficavam no caminho. Parou na calçada e olhou para o céu azul brilhante, sem nuvens. Aquele céu o fez lembrar da sua infância. Nenhuma pipa no céu. Nostalgicamente se viu empinando as pipas como fazia antigamente. Naquela época, acordava cedinho e ficava horas a fio na rua, empinando pipas. “Se não tivesse que trabalhar hoje, eu empinaria pipa a manhã inteira”, pensou ele. Havia muito tempo que não avistava os moleques da área a brincar na frente de casa. Lembrou-se que não poderia permanecer ali muito tempo a contemplar o firmamento com suas nostalgias. “Tenho que ir! Não posso chegar atrasado!” Deu um único passo e caiu batendo fortemente o rosto no chão.
"Durante uma manhã tranquila, cinco pessoas foram feridas no sábado (12) em um tiroteio no conjunto de favelas do Alemão. O Comando da Polícia Militar afirmou que os traficantes do conjunto de favelas do Alemão perdem poder a cada dia, com os confrontos na região. A munição dos bandidos estaria reduzida, depois de tantos tiroteios. No 12º dia de ocupação, o policiamento continua reforçado.
Desde o início dos confrontos, já são 47 feridos e 14 mortos.
O funcionário de um supermercado, Fernando da Silva, 22 anos, foi atingido por uma bala perdida no interior da favela da Chatuba. Fernando foi baleado no abdômen na frente de casa, na Rua Tenente Luiz Dornelles. A Secretaria estadual de Saúde informou que o homem foi levado para o Hospital Getúlio Vargas na Penha. Ainda não há informações do estado de saúde da vítima."
12 de Fevereiro, Sábado, Fernando acorda pontualmente as 6:00h da manhã para mais um dia de labuta no supermercado da Zona Sul. Levantou-se e deparou com seu irmão na porta do quarto:
- E aí ? Tranqüilo? Diz o irmão de Fernando
- Quando é que você vai criar juízo?
- Pra que eu quero isso? Dá dinheiro essa porra?
- Jesus! Você está fedendo a bebida!
- “Eu bebo sim e estou vivendo...tem gente que não bebe e está morrendo, eu bebo sim..”.Porra, escravo! É sábado, mermão! Se você não gosta o pobrema é seu e não meu!
- Alguém precisa trabalhar nessa casa!
- Opa! Perái! Eu trabalho também nesse caralho dessa vida, merda!
- E desde quando ficar pra cima e pra baixo sentado numa moto é trabalho?
- Ah...não fode! E desde quando ficar entregando compras na casa desses babacas da Sul é trabalho? Tu é escravo mermo! Eu, pelo menos, faço o meu horário e não tenho um chefe paraíba pra me encher o saco!
O irmão visivelmente alcoolizado se joga na estreita cama de colchão duro, apoiada em tijolos e diz:
- Um dia eu ainda vou ter uma cama de verdade. Adormece.
Fernando olha para aquela cena e pensa em comprar uma máquina fotográfica. Mas, quanto custaria uma? Seria muito legal registrar aquele momento. Quem sabe vendendo as suas férias. A luz da manhã entrava pela janela e iluminava os pés de seu irmão. Somente os pés. O rosto permanecia na penumbra. Daria uma bela foto, pensou ele. Permaneceu olhando para a janela de madeira e estufou o peito. Fora adquirida no lixo de um prédio perto do supermercado. Não era nova, entretanto parecia nova. Dera muito trabalho levá-la para casa dentro do ônibus lotado, porém ele conseguiu. Sentia-se um vencedor, pois todos no trabalho disseram que ele não conseguiria. Ele conseguiu. Definitivamente sentiu-se um vencedor. Levou-a para casa pensando: “ Papai Noel chegou”.Lixou e pintou a janela como a uma obra de arte. E era. Era a sua obra de arte pintada de azul com respingos de suor.
Como num ritual, ele foi até a cozinha para preparar o café forte com pouco açúcar- tinha receio de ficar diabético. Desde os 13 anos ele tinha medo de ficar diabético. Como poderia trabalhar se fosse doente? Quem entregaria as compras da D. Marta se ele fosse diabético? Ela dava as melhores gorjetas da área. Dois reais em notas de um e sempre novinhas, cheirando a dinheiro vivo, recém parido do banco central. Fernando adorava o cheiro das notas novas. Ficava aguado, tinha vontade de comê-las, mastigá-las uma a uma, degustá-las. Às vezes, esquecia das outras entregas e ficava cheirando e passando o papel verde pelo rosto. Era como se elas tivessem vida também. Mesmo que fosse uma vida como a dele. Elas tinham circulação sangüínea e sistema nervoso central, sentia ele. Isso bastava para considerá-las com vida. Mesmo que fosse uma vida como a dele.
Bebeu num gole todo o café contido no copo trincado de extrato de tomate. Olhou para a rachadura do copo e pensou em jogá-lo fora. Não o fez. Talvez, depois que comprasse novos!
Como de hábito, antes de sair de casa, acionou o cronometro de seu relógio do Paraguai. Olhou pela janela e a rua ainda estava vazia. Fizera o trajeto até o ponto de ônibus em 13 minutos da última vez. Não sentiu vontade de correr nessa manhã.
Ouviu um burburinho vindo do lado de fora e avistou alguns foliões voltando para casa. Sentiu asco por aquelas pessoas. Como elas conseguiam se divertir com tão pouco? Diversão para ele era outra coisa. Diversão era ouvir os gringos conversando nas ruas da Zona Sul. Aquela língua diferente era fascinante, aqueles sons estranhos emitidos... Ele ria sozinho e às vezes gargalhava. Como elas conseguiam falar tão enrolado? O dia mais divertido foi quando viu um casal estrangeiro brigando. Fernando ficou tão vidrado que seguiu casal até eles entrarem num prédio. Esse dia ficara registrado em sua memória. Parecia assistir ao filme sem legenda. Como eles conseguiam entender um ao outro? Deliciava-se com aquilo.
Terminou de arrumar a camisa, abriu a porta da sala, fez o sinal da cruz e atravessou a pequenina varanda de cimento com os vasos abarrotados de espada de são jorge que ficavam no caminho. Parou na calçada e olhou para o céu azul brilhante, sem nuvens. Aquele céu o fez lembrar da sua infância. Nenhuma pipa no céu. Nostalgicamente se viu empinando as pipas como fazia antigamente. Naquela época, acordava cedinho e ficava horas a fio na rua, empinando pipas. “Se não tivesse que trabalhar hoje, eu empinaria pipa a manhã inteira”, pensou ele. Havia muito tempo que não avistava os moleques da área a brincar na frente de casa. Lembrou-se que não poderia permanecer ali muito tempo a contemplar o firmamento com suas nostalgias. “Tenho que ir! Não posso chegar atrasado!” Deu um único passo e caiu batendo fortemente o rosto no chão.
"Durante uma manhã tranquila, cinco pessoas foram feridas no sábado (12) em um tiroteio no conjunto de favelas do Alemão. O Comando da Polícia Militar afirmou que os traficantes do conjunto de favelas do Alemão perdem poder a cada dia, com os confrontos na região. A munição dos bandidos estaria reduzida, depois de tantos tiroteios. No 12º dia de ocupação, o policiamento continua reforçado.
Desde o início dos confrontos, já são 47 feridos e 14 mortos.
O funcionário de um supermercado, Fernando da Silva, 22 anos, foi atingido por uma bala perdida no interior da favela da Chatuba. Fernando foi baleado no abdômen na frente de casa, na Rua Tenente Luiz Dornelles. A Secretaria estadual de Saúde informou que o homem foi levado para o Hospital Getúlio Vargas na Penha. Ainda não há informações do estado de saúde da vítima."
YIN-YANG
(1996)
Homem de olhos noturnos,
Só há um ponto de vista:
Somos duas semi-retas
Partindo do mesmo ponto
Somos ângulos complementares
Adjacentes
Talvez, não saibas
Ainda...
Quem sabe um dia...
Suplementares?
Homem de essência aromática
Instigante por excelência
Permita-me degustar
As propriedades gerais da tua matéria
Curve-se ao equilíbrio
Ao encaixe
Ao complemento
À perfeição
Pois já analisei tua força
Tudo em função
Do teu estado de estática
Homem de peculiar geometria
Excitante
Febril
De olhar sonolento
Sereno
Denso
Homem!
Permita-me lambuzar-me
Dessa forma:
Enérgica
Poética
Natural
Que nessa variação de tempo
Faço-me intrépidamente
Despudoradamente
Projétil de nossos desejos
Permita-se a colisão
Pois só há uma trajetória
Permita-nos ao entorpecimento por essa carga
E seremos condutores e correntes
Homem de olhos noturnos,
Só há um ponto de vista:
Somos duas semi-retas
Partindo do mesmo ponto
Somos ângulos complementares
Adjacentes
Talvez, não saibas
Ainda...
Quem sabe um dia...
Suplementares?
Homem de essência aromática
Instigante por excelência
Permita-me degustar
As propriedades gerais da tua matéria
Curve-se ao equilíbrio
Ao encaixe
Ao complemento
À perfeição
Pois já analisei tua força
Tudo em função
Do teu estado de estática
Homem de peculiar geometria
Excitante
Febril
De olhar sonolento
Sereno
Denso
Homem!
Permita-me lambuzar-me
Dessa forma:
Enérgica
Poética
Natural
Que nessa variação de tempo
Faço-me intrépidamente
Despudoradamente
Projétil de nossos desejos
Permita-se a colisão
Pois só há uma trajetória
Permita-nos ao entorpecimento por essa carga
E seremos condutores e correntes
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Coisificação
A ligação deveria ser com o SER indescartável e denso. Estarrecida fico ao notar o embrutecimento das relações humanas. As pessoas se relacionam com coisas, as relações se coisificaram. Somos coisas. Complicado demais sentir um outro "eu" ? Trago angústia nos olhos, condolência nas mãos e rispidez nos lábios: coisa é o caralho! Grosseira eu? Apenas dou ênfase a dessemelhança sem perder a doçura que me escapa um bocado. Sou ratificadamente humana e minha vivência necessita ser profunda- suscita renovação a cada esquina. Onde se escondeu a faculdade do sentir? Onde? A pergunta ecoa ao longe, no espaço e no tempo até que se depara com uma questão que paira em meus pensamentos : as pessoas precisam ser consumidas? Eu prefiro degustá-las, saboreá-las, absorvê-las em seu todo. Consumidas elas são gastas e corroídas até à destruição; devoradas e extintas como coisas inanimadas. Queridos e queridas coisas, eu não vou me desculpar por perceber o mundo por meio dos sentidos. Não vou me desculpar pela minha sensibilidade. Há em mim um leque de opções e resumir o SER a um único caminho é acabar com a arte.
Terça Melancólica
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Alívio (?)
Hoje pude ver a poeira escondida atrás do quadro que eu nunca quis pendurar na parede. Era muito grande e pesado. Meus músculos ainda doem pelo esforço. Hoje depois de tanto tempo, depois de anos a fitá-lo com descaso -medo- me entorpeci de uma pseudo-coragem. Encarei aquela moldura e li o que nunca assumi: "sou um aborto na natureza e nada se encaixa nesse quebra-cabeça inútil". Suspirei aliviada.
Ninguém gosta de perder
Eu não coloco limites nas pessoas. Admito-me inteiramente incapaz de demarcar linhas reais ou imaginárias ao que me desperta a passionalidade. Limites são para os ingênuos, para os que acreditam que podem delimitar com balizas os propósitos. Cada um que decida e aja com suas condições!, humanamente na sua essência! Nesse caso: ou se ganha ou se perde!
Pessoas são o que são. Gostam ou não gostam, querem ou não querem. Não consigo querer "mais ou menos" , "meio desejo" não existe pra mim. Não posso nem conceber a idéia. Mesmo que chegue no fundo daquilo que outrora me despertou o interesse e perceba que é o fim, que não há nada mais a ser descoberto... bota fé que eu quis com todas as minhas forças. Isso pode durar uma hora, uma noite, um dia, um ano...
Admito: perdi!
Pessoas são o que são. Gostam ou não gostam, querem ou não querem. Não consigo querer "mais ou menos" , "meio desejo" não existe pra mim. Não posso nem conceber a idéia. Mesmo que chegue no fundo daquilo que outrora me despertou o interesse e perceba que é o fim, que não há nada mais a ser descoberto... bota fé que eu quis com todas as minhas forças. Isso pode durar uma hora, uma noite, um dia, um ano...
Admito: perdi!
Conjugando...
Foi um conhecer por meio dos sentidos
Sem referência a priori,
o encanto manava da sua camada mais externa
- virada poeticamente ao contrário -
Havia um outro como eu (?)
Usava a vida para pulsar
Invadiu-me lentamente
e pulsa dentro de mim
Rasgou-me delicadamente o verbo
E minha palavra ficou nua
suavemente desvelada pelo sujeito oculto
pois a palavra-nua sentira na oração correlativa
o despojar da folhagem
experimentara o crepúsculo dentro da linguagem...
Como foi bom ouvir a voz não-humana
sobrepondo-se à lucidez e à razão !
Mostrando-me que para amar
só sendo o próprio amor
Praticável no transitável
Ultrapassei os limites da experiência
naqueles predicados dias
Mas a distância (,) que hoje
me desuni daquele sujeito sedutor
da´-me afirmação categórica:
poderei conjugar meu verbo-rasgado
num futuro do presente
Sem referência a priori,
o encanto manava da sua camada mais externa
- virada poeticamente ao contrário -
Havia um outro como eu (?)
Usava a vida para pulsar
Invadiu-me lentamente
e pulsa dentro de mim
Rasgou-me delicadamente o verbo
E minha palavra ficou nua
suavemente desvelada pelo sujeito oculto
pois a palavra-nua sentira na oração correlativa
o despojar da folhagem
experimentara o crepúsculo dentro da linguagem...
Como foi bom ouvir a voz não-humana
sobrepondo-se à lucidez e à razão !
Mostrando-me que para amar
só sendo o próprio amor
Praticável no transitável
Ultrapassei os limites da experiência
naqueles predicados dias
Mas a distância (,) que hoje
me desuni daquele sujeito sedutor
da´-me afirmação categórica:
poderei conjugar meu verbo-rasgado
num futuro do presente
Síntese
De acordo com os que me conceberam sou fruto de alguns minutos de um bom sexo feito ao final de um baile de carnaval . Talvez não, mas que assim seja.
Ás 20:58 h do dia 11 de novembro abri meus pulmões para esse mundo estranho, repleto de rostos esquisitos, pessoas maravilhosas e seres deprimentes. Viria a gostar desta data anos mais tarde, ao saber que pela astrologia sofro influência de um animal noturno e perigoso.
Na infância, fui uma criança aparentemente normal. A filha do meio cujas travessuras não tinham a graça da mais velha ou a ingenuidade da mais nova. Sim, fui uma criança feliz. Sonhava com o dia em que me aparecesse um disco voador ou um cometa, e todas as noites tentava intensamente imaginar como seria o nada.
Mas, foi na adolescência que comecei a sentir a vida pulsar. Aos 15 anos rasguei o ventre da natureza. Conheci o sexo, as drogas, o rock and roll, o amor, a dor. Aos 18 admirava os que sabiam o que queriam porque minha única certeza era a certeza do que não gostava.
Logo depois veio a crise do existencialismo de mãos dadas com as cobranças desse mundo de merda, consumido assim anos preciosos e essenciais para a minha futura transformação em Mulher – isso mesmo, com letra maiúscula e com toda a carga que a palavra traz.
Foi então que aconteceu a melhor viagem da minha vida. Atravessei o Pacífico e aterrissei dentro de mim mesma. Na volta tive algumas perdas, alguns pedaços arrancados cujas cicatrizes permanecem em minha carne e minha memória.
Hoje, percebo que não estou aqui para passar pela vida, e, o que nela há de mais importante são as pessoas que cruzam de alguma forma nossos caminhos efêmeros. Sejam elas Lenons, Ches ou Hitllers. Descubro agora que meu único prazer constante é o de SER. E isso... bom, isso pode ser tema para um delicioso papo - de – botequim.
Ás 20:58 h do dia 11 de novembro abri meus pulmões para esse mundo estranho, repleto de rostos esquisitos, pessoas maravilhosas e seres deprimentes. Viria a gostar desta data anos mais tarde, ao saber que pela astrologia sofro influência de um animal noturno e perigoso.
Na infância, fui uma criança aparentemente normal. A filha do meio cujas travessuras não tinham a graça da mais velha ou a ingenuidade da mais nova. Sim, fui uma criança feliz. Sonhava com o dia em que me aparecesse um disco voador ou um cometa, e todas as noites tentava intensamente imaginar como seria o nada.
Mas, foi na adolescência que comecei a sentir a vida pulsar. Aos 15 anos rasguei o ventre da natureza. Conheci o sexo, as drogas, o rock and roll, o amor, a dor. Aos 18 admirava os que sabiam o que queriam porque minha única certeza era a certeza do que não gostava.
Logo depois veio a crise do existencialismo de mãos dadas com as cobranças desse mundo de merda, consumido assim anos preciosos e essenciais para a minha futura transformação em Mulher – isso mesmo, com letra maiúscula e com toda a carga que a palavra traz.
Foi então que aconteceu a melhor viagem da minha vida. Atravessei o Pacífico e aterrissei dentro de mim mesma. Na volta tive algumas perdas, alguns pedaços arrancados cujas cicatrizes permanecem em minha carne e minha memória.
Hoje, percebo que não estou aqui para passar pela vida, e, o que nela há de mais importante são as pessoas que cruzam de alguma forma nossos caminhos efêmeros. Sejam elas Lenons, Ches ou Hitllers. Descubro agora que meu único prazer constante é o de SER. E isso... bom, isso pode ser tema para um delicioso papo - de – botequim.
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