segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Arrumando a casa

Nego-me aqueles que desfrutam de maneira oposta ao que eu manejo.
Amo as diferenças, todas!
Porém, descarto gente que transporta a ignorância: o ato de ignorar a existência de um outro “eu” do lado de lá da parede, da rua, do carro, da mesa, do edifício, da porta, do ônibus, do monitor...
Gente, gente, gente, gente...
Gente não me serve, gente não me apetece, gente não me atrai.
Onde estará o homem?
Faz-se necessário abrir a janela e deixar o ar circular.
Faz-se necessário arrumar a casa e jogar fora lembranças passadas.

Sem leviandades, sem dicotomias, sem divisão entre bom e mal, certo e errado.

Cobiço a coerência dos meus atos.

Meu universo interno, pleno chão e passaporte carimbado nessa selva, depois de muito pensar me diz: “gentileza, generosidade e cordialidade”

Isso é mais que o cantar de um pássaro em dias mortos de raciocínio.
Isso é carinho delicado e sutil como um orgasmo literário e tão gostoso quanto um orgasmo carnal.

Isso é a malícia natural antes, durante e depois do jogo, é o mapa açucarado para o prazer daqueles que apreciam o charme da sedução.

Minha prática da vida é tão terrena quanto a sua. Não há diferenças especiais até o limite exterior da matéria.

Demasiadamente humana em estado físico, mental, em atividades.

Não há verdade aguda que me diferencie, não possuo resposta original sobre as relações humanas.

Eu vivo. Às vezes, escrevo.

Portanto, obrigo-me a mover-me.

Está tudo assim: muita fumaça de andarilho, vários ajustes entre relações mal nutridas, comércios das boas aparências, discursos cozidos e temperados com o vai-e-vem da frieza, download-copie-e-cole do mundo high tech, excesso de fluxo inexorável de superficialidade e efemeridade...



Eu me refaço: “gentileza, generosidade e cordialidade”



Estava tudo desajeitado!
Arrumei a casa.
Agora estou pronta.