domingo, 8 de agosto de 2010
Ópios, Edens e Analgésicos
“O beijo meu vem com melado, decorado, cor de rosa”.
*Querido Leminski.
Essa vai para você, meu poeta.
Uma mulher sem beijo
É muito, muito, muito mais deselegante.
Caminha reto
Como se chegando na hora
Chegasse mais atrasada que agora
Não carrega peso algum
Tudo é ausência
O vazio não pesa
Apenas desorienta
Ópios, edens e analgésicos
Cubram a falta daquele beijo
Beijar ainda vai ser meu último grande feito.
*Querido Leminski.
Essa vai para você, meu poeta.
Uma mulher sem beijo
É muito, muito, muito mais deselegante.
Caminha reto
Como se chegando na hora
Chegasse mais atrasada que agora
Não carrega peso algum
Tudo é ausência
O vazio não pesa
Apenas desorienta
Ópios, edens e analgésicos
Cubram a falta daquele beijo
Beijar ainda vai ser meu último grande feito.
Eu tenho a madrugada como companheira
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Eclipse
All we nedd is love de flauta, remo ou moinho, de passo a passo, passo....Miniconto dedicado a Lennon, MacCartney e Luiz Melodia cujas canções embalaram e embalarão, impulsionaram e impulsionarão muitos amantes em muitas noites afetuosamente caprichadas, deliciosas.
Qualquer um que olhasse mais atentamente por trás das olheiras azuladas perceberia que não nasceram das noites de clarões causados por pequenos (ou grandes) problemas que temos todos, sempre. Nem de noites de bebedeira, mal dormidas. Não! Nada de ressaca moral e corpo exalando nicotina e desgaste. Dormia pouco, talvez, pela falta daquela moleza poética depois do amor bem feito, em seus últimos dias. Dormia pouco, talvez, por falta do bom e velho “durma bem” em ato.
Eis que por acaso e durante semanas, dissera graciosamente “não, obrigada” a um certo tal que lhe oferecera desejo e até, quem sabe (?!), um pouco de paz a sua aflição - não a sentimental, sobre essa não possuía mais ilusões ou angústias, além de de-tes-tar esse tipo de oferta. Tudo sutilmente exposto de forma bacaninha, bonitinha e tal – um verdadeiro lorde.
Por acaso dissera não – nenhuma frase mais rebuscada.
Viver em si mesma, para seu melhor proveito tinha dessas coisas: driblar a solidão com artifícios conhecidos (poesia-poesia-poesia) e degustá-las, às vezes; mas não se submeter ao que não fosse exatamente do jeito que gostaria que fosse. A maturidade serve para isso, não é mesmo? Mas, nesse deserto oblíquo de almas totalmente efêmeras (parece que o homem escorre pela latrina junto com o gozo, sobra a carcaça sem sentidos), o oásis de vitalidade não pinta com freqüência na rotina, embora haja um ou outro a quem procurar para saciar a carne. O peculiar em sua composição era o fio condutor que pré-existia entre corpo e alma, num típico jogo barroco de espelhos. Não se permitia tentar por quem não sacolejasse sua libido ou seduzisse seu espírito. Esse era o caso desse e sem mais delongas: não nutria nenhum querer por ele. Até quis querer ter. Não conseguiu. Pronto: acaso descartado depois de certa insistência.
Outro acaso surgiu num sábado que a princípio não prometia nada, chegou despretensioso e como quem não-sabe-porque-vive ele arriscou. Seus sentidos mais uma vez não (cor)responderam. Havia ainda as marcas tristes de uma cretina quarta-feira boçalmente desenhada com cinzas toscas, rudes. A fumaça longa de um carnaval em suas lembranças, em suas narinas, e quando isso acontece é necessário expurgar os fantasmas para tirar o mofo e voltar ao asfalto (uma dama jamais comenta sobre seu processo interno de exorcismo, sobre como se livra da saliva impregnada em seu pescoço, sobre como lava a mente do gosto do murmúrio de outrora).
O acaso de sábado pareceu ser diferentemente igual a tantos outros acasos que não se precisa olhar com cuidado para notar em sua genética a mesma matéria prejudicial à saúde dos encontros.
Entretanto e novamente por acaso, ao acaso de sábado dissera “sim, tudo bem”, pelo motivo contrário àquele que dissera “não, obrigada” - como quando se está distraída e não se ouve com exatidão a pergunta, e damos outra chance de tentar escutá-la para responder qualquer coisa que tenha o mínimo de coerência, não importa. Foi assim que dissera “sim, tudo bem”.
Preparou-se para o encontro ao som de “A mim e mais ninguém”. A voz da cantora anunciando antecipadamente o começo e o fim, sem recheio, e absorvendo cada verso da música como quem se entrega ao porvir viçoso, sentia bem lá no fundo de si que não há perigo quando umas pequenas centelhas poéticas simulam o conhecimento sobre natureza humana.
Encontraram-se, dois beijinhos, oi, tudo bem? Uhum.
- Olha, sei que parece estranho o que vou lhe dizer, mas deixa eu te explicar antes que você se assuste. Há muita coisa pra ser dita quando duas pessoas estão tentando se conhecer. Preciso dar uma chance a mim mesma, mas entendo que não podemos ficar apenas no que pode ou não ser dito quando duas pessoas estão tentando se conhecer. Poderíamos jogar com as possibilidades, você é homem, sou mulher, essas coisas todas que já sabemos. Só que o que eu quero dizer, não é nada disso. É o seguinte: é chato ter que cumprir certos protocolos, entende? Então o que eu quero dizer é que...parece que estou te enrolando, mas não é essa minha intenção, sabe. É que se eu falar assim direto, sem tentar explicar antes, fica muito mecânico e perco a naturalidade. Bom, é que eu preciso descobrir mais, mas não tudo, porque se eu desvendar tudo perco o encanto, perde-se o mistério e isso é o que me instiga. Mas eu preciso que você se permita e me permita, assim acho que poderá emergir desejo do próprio desejo. Fui clara? É que eu detesto parecer vulgar quando não estou vestida mentalmente para ser vulgar. Quem sou eu pra te mostrar a exatidão de uma troca, só quero que entenda que preciso me entorpecer de linguagem-carne-imaginação para conseguir fazer o melhor a cada centímetro quadrado das nossas levianas existências. Olha, se puder provar a mim como o olhar de quem despe o céu de outra galáxia eu posso uivar dentro de cada cartilagem sua como se o mundo fosse pela primeira vez: nós. Não nos resta outra saída, você me entende?
Só pensou, não disse nada.
Então, aquilo que não foi coisa alguma se manifestou. Como explicar a si mesma como nasce o fracasso de um encontro? Depois de dias tirou o fone do gancho e ligou- quis ser franca e, a vera, dizer logo tudo que estava pensando assim que ouviu a voz do outro lado da linha.
- Olha, já vou começar pedindo desculpas pela minha franqueza. Estou sem saco para eufemismos, meias palavras, metáforas e para piorar estou de mau humor. Não te conheço e não sei o que você vai pensar sobre o que eu quero e vou dizer. Sinceramente, não ligo a mínima para o que você vai pensar, só peço desculpa de antemão por educação mesmo – não sou fofa, oquei? Sou agradável com quem me faz bem, carinhosa com quem conquista minha simpatia e amável com quem me adoça a vida, ponto. Sua incompetência foi tamanha que nem a minha indiferença você ganhou. Poderia não ter esse trabalho todo e simplesmente deixar-pra-lá, já que você é desimportante para o tempo, a energia e a saliva que estou gastando agora. Porém, não consigo deixar as coisas mal resolvidas, preciso fechar a porta que deixei aberta. E isso é muito curioso porque eu acho que é falta de inteligência, mas não falar o que quero faz mal e pode me dar câncer um dia desses. Acontece o seguinte: queria muito, muito, muito, muito mesmo, te dizer que aquela noite foi uma merda! O que foi bom de verdade foi a possibilidade, gostei foi do que poderia ter sido. Fato. E pensei que realmente seria bem prazeroso, para mim, pelo menos. Não, não sou egoísta, mas você foi: egoísta, babaca e burro! Não percebeu que a mesma intenção nos uniu durante as horas? Carnalmente falando poderia ter sido lindo, carinhoso, sem dúvida... não o primeiro, mas o segundo encontro que não acontecerá. To fora! Porque tenho que ser burra para ser entendida? É isso! Desculpa aê qualquer coisa. Lamento a falta de sintonia. Até o próximo eclipse! Beeeeijo.
Só pensou, não disse nada.
Continua dormindo pouco, talvez, pela falta daquela moleza poética depois do amor bem feito, em seus últimos dias. As olheiras azuladas permanecem. Dorme pouco, talvez, por falta do bom e velho “durma bem”.
Qualquer um que olhasse mais atentamente por trás das olheiras azuladas perceberia que não nasceram das noites de clarões causados por pequenos (ou grandes) problemas que temos todos, sempre. Nem de noites de bebedeira, mal dormidas. Não! Nada de ressaca moral e corpo exalando nicotina e desgaste. Dormia pouco, talvez, pela falta daquela moleza poética depois do amor bem feito, em seus últimos dias. Dormia pouco, talvez, por falta do bom e velho “durma bem” em ato.
Eis que por acaso e durante semanas, dissera graciosamente “não, obrigada” a um certo tal que lhe oferecera desejo e até, quem sabe (?!), um pouco de paz a sua aflição - não a sentimental, sobre essa não possuía mais ilusões ou angústias, além de de-tes-tar esse tipo de oferta. Tudo sutilmente exposto de forma bacaninha, bonitinha e tal – um verdadeiro lorde.
Por acaso dissera não – nenhuma frase mais rebuscada.
Viver em si mesma, para seu melhor proveito tinha dessas coisas: driblar a solidão com artifícios conhecidos (poesia-poesia-poesia) e degustá-las, às vezes; mas não se submeter ao que não fosse exatamente do jeito que gostaria que fosse. A maturidade serve para isso, não é mesmo? Mas, nesse deserto oblíquo de almas totalmente efêmeras (parece que o homem escorre pela latrina junto com o gozo, sobra a carcaça sem sentidos), o oásis de vitalidade não pinta com freqüência na rotina, embora haja um ou outro a quem procurar para saciar a carne. O peculiar em sua composição era o fio condutor que pré-existia entre corpo e alma, num típico jogo barroco de espelhos. Não se permitia tentar por quem não sacolejasse sua libido ou seduzisse seu espírito. Esse era o caso desse e sem mais delongas: não nutria nenhum querer por ele. Até quis querer ter. Não conseguiu. Pronto: acaso descartado depois de certa insistência.
Outro acaso surgiu num sábado que a princípio não prometia nada, chegou despretensioso e como quem não-sabe-porque-vive ele arriscou. Seus sentidos mais uma vez não (cor)responderam. Havia ainda as marcas tristes de uma cretina quarta-feira boçalmente desenhada com cinzas toscas, rudes. A fumaça longa de um carnaval em suas lembranças, em suas narinas, e quando isso acontece é necessário expurgar os fantasmas para tirar o mofo e voltar ao asfalto (uma dama jamais comenta sobre seu processo interno de exorcismo, sobre como se livra da saliva impregnada em seu pescoço, sobre como lava a mente do gosto do murmúrio de outrora).
O acaso de sábado pareceu ser diferentemente igual a tantos outros acasos que não se precisa olhar com cuidado para notar em sua genética a mesma matéria prejudicial à saúde dos encontros.
Entretanto e novamente por acaso, ao acaso de sábado dissera “sim, tudo bem”, pelo motivo contrário àquele que dissera “não, obrigada” - como quando se está distraída e não se ouve com exatidão a pergunta, e damos outra chance de tentar escutá-la para responder qualquer coisa que tenha o mínimo de coerência, não importa. Foi assim que dissera “sim, tudo bem”.
Preparou-se para o encontro ao som de “A mim e mais ninguém”. A voz da cantora anunciando antecipadamente o começo e o fim, sem recheio, e absorvendo cada verso da música como quem se entrega ao porvir viçoso, sentia bem lá no fundo de si que não há perigo quando umas pequenas centelhas poéticas simulam o conhecimento sobre natureza humana.
Encontraram-se, dois beijinhos, oi, tudo bem? Uhum.
- Olha, sei que parece estranho o que vou lhe dizer, mas deixa eu te explicar antes que você se assuste. Há muita coisa pra ser dita quando duas pessoas estão tentando se conhecer. Preciso dar uma chance a mim mesma, mas entendo que não podemos ficar apenas no que pode ou não ser dito quando duas pessoas estão tentando se conhecer. Poderíamos jogar com as possibilidades, você é homem, sou mulher, essas coisas todas que já sabemos. Só que o que eu quero dizer, não é nada disso. É o seguinte: é chato ter que cumprir certos protocolos, entende? Então o que eu quero dizer é que...parece que estou te enrolando, mas não é essa minha intenção, sabe. É que se eu falar assim direto, sem tentar explicar antes, fica muito mecânico e perco a naturalidade. Bom, é que eu preciso descobrir mais, mas não tudo, porque se eu desvendar tudo perco o encanto, perde-se o mistério e isso é o que me instiga. Mas eu preciso que você se permita e me permita, assim acho que poderá emergir desejo do próprio desejo. Fui clara? É que eu detesto parecer vulgar quando não estou vestida mentalmente para ser vulgar. Quem sou eu pra te mostrar a exatidão de uma troca, só quero que entenda que preciso me entorpecer de linguagem-carne-imaginação para conseguir fazer o melhor a cada centímetro quadrado das nossas levianas existências. Olha, se puder provar a mim como o olhar de quem despe o céu de outra galáxia eu posso uivar dentro de cada cartilagem sua como se o mundo fosse pela primeira vez: nós. Não nos resta outra saída, você me entende?
Só pensou, não disse nada.
Então, aquilo que não foi coisa alguma se manifestou. Como explicar a si mesma como nasce o fracasso de um encontro? Depois de dias tirou o fone do gancho e ligou- quis ser franca e, a vera, dizer logo tudo que estava pensando assim que ouviu a voz do outro lado da linha.
- Olha, já vou começar pedindo desculpas pela minha franqueza. Estou sem saco para eufemismos, meias palavras, metáforas e para piorar estou de mau humor. Não te conheço e não sei o que você vai pensar sobre o que eu quero e vou dizer. Sinceramente, não ligo a mínima para o que você vai pensar, só peço desculpa de antemão por educação mesmo – não sou fofa, oquei? Sou agradável com quem me faz bem, carinhosa com quem conquista minha simpatia e amável com quem me adoça a vida, ponto. Sua incompetência foi tamanha que nem a minha indiferença você ganhou. Poderia não ter esse trabalho todo e simplesmente deixar-pra-lá, já que você é desimportante para o tempo, a energia e a saliva que estou gastando agora. Porém, não consigo deixar as coisas mal resolvidas, preciso fechar a porta que deixei aberta. E isso é muito curioso porque eu acho que é falta de inteligência, mas não falar o que quero faz mal e pode me dar câncer um dia desses. Acontece o seguinte: queria muito, muito, muito, muito mesmo, te dizer que aquela noite foi uma merda! O que foi bom de verdade foi a possibilidade, gostei foi do que poderia ter sido. Fato. E pensei que realmente seria bem prazeroso, para mim, pelo menos. Não, não sou egoísta, mas você foi: egoísta, babaca e burro! Não percebeu que a mesma intenção nos uniu durante as horas? Carnalmente falando poderia ter sido lindo, carinhoso, sem dúvida... não o primeiro, mas o segundo encontro que não acontecerá. To fora! Porque tenho que ser burra para ser entendida? É isso! Desculpa aê qualquer coisa. Lamento a falta de sintonia. Até o próximo eclipse! Beeeeijo.
Só pensou, não disse nada.
Continua dormindo pouco, talvez, pela falta daquela moleza poética depois do amor bem feito, em seus últimos dias. As olheiras azuladas permanecem. Dorme pouco, talvez, por falta do bom e velho “durma bem”.
domingo, 6 de junho de 2010
Brasil com P
Pesquisa publicada prova:
Preferencialmente preto, pobre, prostituta
Pra polícia prender
Pare, pense, por quê?
Prossigo
Pelas periferias praticam perversidades, parceiros
Pm's
Pelos palanques políticos prometem, prometem
Pura palhaçada!
Proveito próprio
Praias, programas, piscinas, palmas
Pra periferia?
Pânico, pólvora, pá, pá, pá
Primeira página:
Preço pago
Pescoço, peitos, pulmões, perfurados
Parece pouco?
Pedro Paulo
Profissão: pedreiro
Passatempo predileto? pandeiro
Preso portando pó, passou pelos piores pesadelos
Presídio, porões, problemas pessoais, psicológicos
Perdeu parceiros, passado, presente
Pais, parentes, principais pertences
Pc
Político privilegiado preso
Parecia piada !
Pagou propina pro plantão policial
Passou pelo portão principal
Posso parecer psicopata
Pivô pra perseguição
Prevejo populares portando pistolas
Pronunciando palavrões
Promotores públicos pedindo prisões
Pecado!
Pena: prisão perpétua
Palavras pronunciadas pelo profeta!
Periferia
Pelo presente pronunciamento pedimos punição para peixes pequenos, poderosos
Pesos pesados
Pedimos principalmente paixão pela pátria prostituída pelos portugueses
Prevenimos!
Posição parcial poderá provocar
Protesto, paralisações, piquetes,
Pressão popular
Preocupados?
Promovemos passeatas pacificas
Palestra, panfletamos
Passamos perseguições
Perigos por praças, palcos
Protestávamos por que privatizaram portos, pedágios
Proibido!
Policiais petulantes pressionavam
Pancadas, pauladas, pontapés
Pangarés pisoteando postulavam prêmios
Pura pilantragem !
Padres, pastores, promoveram procissões pedindo piedade, paciência pra população
Parábolas, profecias, prometiam pétalas, paraíso
Predominou o predador
Paramos, pensamos profundamente
Por que pobre pesa plástico, papel, papelão, pelo pingado, pela passagem, pelo pão?
Por que proliferam pragas pelo pais?
Por que presidente, por que?
Predominou o predador
Por que?
GOG
(Genival Oliveira Gonçalves - Rapper de Brasília)
Preferencialmente preto, pobre, prostituta
Pra polícia prender
Pare, pense, por quê?
Prossigo
Pelas periferias praticam perversidades, parceiros
Pm's
Pelos palanques políticos prometem, prometem
Pura palhaçada!
Proveito próprio
Praias, programas, piscinas, palmas
Pra periferia?
Pânico, pólvora, pá, pá, pá
Primeira página:
Preço pago
Pescoço, peitos, pulmões, perfurados
Parece pouco?
Pedro Paulo
Profissão: pedreiro
Passatempo predileto? pandeiro
Preso portando pó, passou pelos piores pesadelos
Presídio, porões, problemas pessoais, psicológicos
Perdeu parceiros, passado, presente
Pais, parentes, principais pertences
Pc
Político privilegiado preso
Parecia piada !
Pagou propina pro plantão policial
Passou pelo portão principal
Posso parecer psicopata
Pivô pra perseguição
Prevejo populares portando pistolas
Pronunciando palavrões
Promotores públicos pedindo prisões
Pecado!
Pena: prisão perpétua
Palavras pronunciadas pelo profeta!
Periferia
Pelo presente pronunciamento pedimos punição para peixes pequenos, poderosos
Pesos pesados
Pedimos principalmente paixão pela pátria prostituída pelos portugueses
Prevenimos!
Posição parcial poderá provocar
Protesto, paralisações, piquetes,
Pressão popular
Preocupados?
Promovemos passeatas pacificas
Palestra, panfletamos
Passamos perseguições
Perigos por praças, palcos
Protestávamos por que privatizaram portos, pedágios
Proibido!
Policiais petulantes pressionavam
Pancadas, pauladas, pontapés
Pangarés pisoteando postulavam prêmios
Pura pilantragem !
Padres, pastores, promoveram procissões pedindo piedade, paciência pra população
Parábolas, profecias, prometiam pétalas, paraíso
Predominou o predador
Paramos, pensamos profundamente
Por que pobre pesa plástico, papel, papelão, pelo pingado, pela passagem, pelo pão?
Por que proliferam pragas pelo pais?
Por que presidente, por que?
Predominou o predador
Por que?
GOG
(Genival Oliveira Gonçalves - Rapper de Brasília)
sábado, 5 de junho de 2010
Em cartaz: Copa do Mundo
A primeira vez que foi ao cinema ainda não sabia ler. A mãe narrava o filme de maneira ímpar, resumindo as falas, enquanto ela comia pipoca e imaginava o que havia atrás daquela tela mágica. O tal cinema, que hoje é uma Igreja Evangélica, ficava ao lado da loja onde sua mãe trabalhou durante anos. A loja era de Seu Tuficc, um turco muito generoso que deu praticamente todo enxoval quando sua irmã mais velha nasceu. Porém, quando ela nasceu, ele estava com muitas dívidas e não lhe deu porra nenhuma.
Tudo bem, Seu Tuficc. Filho do meio tem dessas coisas, eles sacam ainda na gestação. Quando o médico disse: “Parabéns, é uma menina”, a mãe chorou de frustração, pois queria um menino que chamaria de João Paulo.
Quando sua irmã mais nova nasceu Seu Tuficc já havia recuperado o fôlego financeiro, e deu, novamente, quase todo o enxoval da mais nova.
Tudo bem. Sem ressentimento. O universo sempre conspira contra os filhos do meio. Descanse em paz, seu Tuficc, descanse em paz!
Em tempo próprio, depois de muitas sessões da tarde comendo suspiro na frente da TV, vieram os pouquíssimos encontros na porta do cinema.O problema não era a raridade dos encontros, mas a ausência de beijos roubados durante o filme devido ao seu gosto peculiar. A proposta: “Que filme você quer assistir?” A resposta: “Qual filme de terror está em cartaz?” E a mesma cara de espanto deles...Tolos meninos! Ela era tímida. Como lhes segurar a mão sem que suas pernas tremessem e seus batimentos cardíacos aumentassem? Só mesmo com o pretexto do filme assustador, ora.
Certa vez, numa festinha, enquanto todos dançavam e ninguém notava sua ausência ou mesmo presença, ela saiu da casa para olhar a lua - “Nossa Senhora do Silêncio”, diria Álvaro de Campos. O menino mais bonitinho da escola se aproximou e perguntou o que ela estava fazendo. Respondeu que estava olhando a lua e que quando a mesma estava cheia ficava muito mais bonita que uma tela de cinema. Ele riu, voltou para a festa e falou para os outros garotos que ela era esquisita. Nesse mesmo dia, ela descobriu que 99,9% dos meninos bonitinhos eram idiotas. Bobagem, claro! Eram apenas 99,8%.
Sua infância e pré-adolescência foram muito solitárias. Contudo, ela não teria sido tão feliz se não tivesse sido exatamente como foi. Várias viagens com as irmãs nas férias, foram trocadas pelas estantes repletas de romances piegas na casa da tia. Com direito a caçar sapos no canal da rua de barro mal iluminada e a elogios da tia em relação ao seu interesse pelos 'livros velhos e empoeirados que só serviam para ocupar espaço' – era o que todos diziam a ela. Como foi feliz! Conseguia desfrutar do cinema que criava a partir do que lia, a seqüência de imagens, as histórias de amor eram recriadas e ela era a diretora de arte, fotografia, edição, trilha sonora e também a protagonista dos seus filmes. Acostumou-se a brincar sozinha.
Bom, a esquisita da família, da escola, conheceu o futebol, de fato, no dia em que foi pela primeira vez ao Maracanã, levada por um primo – ai dele se o pai soubesse. Estádio lotado, bumbo somado ao canto apaixonado da torcida do Flamengo, exaltação diante das bandeiras, o ritual antropológico de uma partida de futebol é uma experiência sensorial única na vida de uma menina, e foi ‘a sua’ catarse coletiva.
Enquanto as garotas da mesma idade colecionavam papéis-de-carta coloridos, ela acordava cedo todos os domingos e religiosamente comprava o Jornal dos Esportes – edições especiais do centenário do Flamengo.
Sua promissora carreira de cineasta de si mesma foi para escanteio e os romances piegas já eram coisas de “menininhas-cor-de-rosa”.
Mesmo com o gol de barriga de Renato Gaúcho e a vitória do Fluminense na final do Campeonato Carioca em 1995, não teve jeito, ficou apaixonada. Queria ir a todos os jogos, juntou dinheiro para comprar a camisa do time, implorava ao primo que a levasse sempre, sempre, sempre, mas a mentira poderia ser descoberta. Foi assim que aprendeu várias jogadas úteis: como mentir com inteligência e armar dribles contra as privações do botafoguense pai.
Pouco tempo depois descobriu que a paixão não era pelo Flamengo, nem pelo futebol, mas pela experiência vivida naquele dia. Os jogos pela TV não davam conta de reproduzir a sensação, eram chatos e mesmo com outras idas ao Maraca, ela queria mesmo “aquela” sensação. Logo a paixão foi perdendo a intensidade.
Ainda torce pelo Mengão, ainda tem a coleção do centenário, mas há muitos anos não vai aos jogos, não acompanha os campeonatos e muito menos sabe a escalação do time. Ela é como aqueles católicos que não vão à missa.
Olhando pelo retrovisor, percebe que a paixão de menina, como todas, passou. Ficou o amor pela linguagem cinematográfica e pela literatura.
Às vésperas da Copa do mundo o assunto está em cartaz, então bola pra frente: sem essa de que ano de copa junto com eleição é a maior burrice comungada pela maioria e que somente a minoria iluminada se dá conta disso. Até parece que se interessariam mais por política se fosse diferente.
Deixem-os gritar!
Sem essa de falar dos milhões da Copa em um país miserável como a África do Sul, dos milhões que o futebol maneja nos vários países miseráveis do mundo. O que esses que criticam, com um discurso bacaninha, fazem pela miséria e fome na África? No Brasil? No mundo? Bebem uísque doze anos ou coca-cola estupidamente gelada?
Ah! Façam-lhes o favor!
Sem essa de criticar a ignorância do brasileiro que se macaqueia de verde e amarelo para ver a seleção jogar esquecendo as mazelas do país e as merdas que o Senado vem fazendo. Sem essa de que brasileiro “tem mais é que se ferrar” porque o país inteiro pára por causa da Copa.
Vivemos num sistema capitalista e o futebol é o problema do sistema? Então, sem esse papo de intelectualóide hipócrita.
Deixem-os gritar!
Ela está com um “vai tomá no cu” entalado na garganta faz tempo, poxa!
Ela quer e precisa gritar por si, não pelo futebol, por acaso pelo Brasil, mas sem esse papo de patriotismo tupiniquim. A Copa será sua válvula de escape, a oportunidade para sua descompressão, a certeza de que ainda lhe resta alguma sanidade.
Não espera ver o futebol-arte que nos identifica em qualquer lugar do mundo, ela espera ver o feijão-com-arroz bem feito que trará a taça.
Ela quer bradar com raiva e xingar meRmo (no bom carioquês, claro)
Quer tomar um porre verde e amarelo e azul e branco e gritar abraçada aos amigos: “Brasil, porraaaaaa!”
Poderia ser Itália, Chile, Romênia, Argentina...Não, Argentina não, mas poderia ser qualquer outro país. Por acaso é o Brasil, nasceu aqui. Gosta disso.
Quer mandar o resto do mundo se fuder. Simples assim.
Precisa expurgar suas ansiedades, suas angústias, seu medos!
Deixem-na gritar!
Ela precisa, eu não.
"Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz
Sonhando!
Daria tudo, por meu mundo
E nada mais"
Tudo bem, Seu Tuficc. Filho do meio tem dessas coisas, eles sacam ainda na gestação. Quando o médico disse: “Parabéns, é uma menina”, a mãe chorou de frustração, pois queria um menino que chamaria de João Paulo.
Quando sua irmã mais nova nasceu Seu Tuficc já havia recuperado o fôlego financeiro, e deu, novamente, quase todo o enxoval da mais nova.
Tudo bem. Sem ressentimento. O universo sempre conspira contra os filhos do meio. Descanse em paz, seu Tuficc, descanse em paz!
Em tempo próprio, depois de muitas sessões da tarde comendo suspiro na frente da TV, vieram os pouquíssimos encontros na porta do cinema.O problema não era a raridade dos encontros, mas a ausência de beijos roubados durante o filme devido ao seu gosto peculiar. A proposta: “Que filme você quer assistir?” A resposta: “Qual filme de terror está em cartaz?” E a mesma cara de espanto deles...Tolos meninos! Ela era tímida. Como lhes segurar a mão sem que suas pernas tremessem e seus batimentos cardíacos aumentassem? Só mesmo com o pretexto do filme assustador, ora.
Certa vez, numa festinha, enquanto todos dançavam e ninguém notava sua ausência ou mesmo presença, ela saiu da casa para olhar a lua - “Nossa Senhora do Silêncio”, diria Álvaro de Campos. O menino mais bonitinho da escola se aproximou e perguntou o que ela estava fazendo. Respondeu que estava olhando a lua e que quando a mesma estava cheia ficava muito mais bonita que uma tela de cinema. Ele riu, voltou para a festa e falou para os outros garotos que ela era esquisita. Nesse mesmo dia, ela descobriu que 99,9% dos meninos bonitinhos eram idiotas. Bobagem, claro! Eram apenas 99,8%.
Sua infância e pré-adolescência foram muito solitárias. Contudo, ela não teria sido tão feliz se não tivesse sido exatamente como foi. Várias viagens com as irmãs nas férias, foram trocadas pelas estantes repletas de romances piegas na casa da tia. Com direito a caçar sapos no canal da rua de barro mal iluminada e a elogios da tia em relação ao seu interesse pelos 'livros velhos e empoeirados que só serviam para ocupar espaço' – era o que todos diziam a ela. Como foi feliz! Conseguia desfrutar do cinema que criava a partir do que lia, a seqüência de imagens, as histórias de amor eram recriadas e ela era a diretora de arte, fotografia, edição, trilha sonora e também a protagonista dos seus filmes. Acostumou-se a brincar sozinha.
Bom, a esquisita da família, da escola, conheceu o futebol, de fato, no dia em que foi pela primeira vez ao Maracanã, levada por um primo – ai dele se o pai soubesse. Estádio lotado, bumbo somado ao canto apaixonado da torcida do Flamengo, exaltação diante das bandeiras, o ritual antropológico de uma partida de futebol é uma experiência sensorial única na vida de uma menina, e foi ‘a sua’ catarse coletiva.
Enquanto as garotas da mesma idade colecionavam papéis-de-carta coloridos, ela acordava cedo todos os domingos e religiosamente comprava o Jornal dos Esportes – edições especiais do centenário do Flamengo.
Sua promissora carreira de cineasta de si mesma foi para escanteio e os romances piegas já eram coisas de “menininhas-cor-de-rosa”.
Mesmo com o gol de barriga de Renato Gaúcho e a vitória do Fluminense na final do Campeonato Carioca em 1995, não teve jeito, ficou apaixonada. Queria ir a todos os jogos, juntou dinheiro para comprar a camisa do time, implorava ao primo que a levasse sempre, sempre, sempre, mas a mentira poderia ser descoberta. Foi assim que aprendeu várias jogadas úteis: como mentir com inteligência e armar dribles contra as privações do botafoguense pai.
Pouco tempo depois descobriu que a paixão não era pelo Flamengo, nem pelo futebol, mas pela experiência vivida naquele dia. Os jogos pela TV não davam conta de reproduzir a sensação, eram chatos e mesmo com outras idas ao Maraca, ela queria mesmo “aquela” sensação. Logo a paixão foi perdendo a intensidade.
Ainda torce pelo Mengão, ainda tem a coleção do centenário, mas há muitos anos não vai aos jogos, não acompanha os campeonatos e muito menos sabe a escalação do time. Ela é como aqueles católicos que não vão à missa.
Olhando pelo retrovisor, percebe que a paixão de menina, como todas, passou. Ficou o amor pela linguagem cinematográfica e pela literatura.
Às vésperas da Copa do mundo o assunto está em cartaz, então bola pra frente: sem essa de que ano de copa junto com eleição é a maior burrice comungada pela maioria e que somente a minoria iluminada se dá conta disso. Até parece que se interessariam mais por política se fosse diferente.
Deixem-os gritar!
Sem essa de falar dos milhões da Copa em um país miserável como a África do Sul, dos milhões que o futebol maneja nos vários países miseráveis do mundo. O que esses que criticam, com um discurso bacaninha, fazem pela miséria e fome na África? No Brasil? No mundo? Bebem uísque doze anos ou coca-cola estupidamente gelada?
Ah! Façam-lhes o favor!
Sem essa de criticar a ignorância do brasileiro que se macaqueia de verde e amarelo para ver a seleção jogar esquecendo as mazelas do país e as merdas que o Senado vem fazendo. Sem essa de que brasileiro “tem mais é que se ferrar” porque o país inteiro pára por causa da Copa.
Vivemos num sistema capitalista e o futebol é o problema do sistema? Então, sem esse papo de intelectualóide hipócrita.
Deixem-os gritar!
Ela está com um “vai tomá no cu” entalado na garganta faz tempo, poxa!
Ela quer e precisa gritar por si, não pelo futebol, por acaso pelo Brasil, mas sem esse papo de patriotismo tupiniquim. A Copa será sua válvula de escape, a oportunidade para sua descompressão, a certeza de que ainda lhe resta alguma sanidade.
Não espera ver o futebol-arte que nos identifica em qualquer lugar do mundo, ela espera ver o feijão-com-arroz bem feito que trará a taça.
Ela quer bradar com raiva e xingar meRmo (no bom carioquês, claro)
Quer tomar um porre verde e amarelo e azul e branco e gritar abraçada aos amigos: “Brasil, porraaaaaa!”
Poderia ser Itália, Chile, Romênia, Argentina...Não, Argentina não, mas poderia ser qualquer outro país. Por acaso é o Brasil, nasceu aqui. Gosta disso.
Quer mandar o resto do mundo se fuder. Simples assim.
Precisa expurgar suas ansiedades, suas angústias, seu medos!
Deixem-na gritar!
Ela precisa, eu não.
"Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz
Sonhando!
Daria tudo, por meu mundo
E nada mais"
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